Os Estados Unidos se livram, ou acreditam ter-se livrado, da carga israelita praticamente colocada sobre seus ombros por um eminente brasileiro quando na presidência da ONU: Oswaldo Aranha, principal articulador da criação do Estado de Israel. Sem imaginar, quer-se crer, que esta sua iniciativa pudesse um dia servir para empurrar o povo palestino para a clandestinidade e ações armadas, suicidas por algum tempo, e, em conseqüência disso, provocar-lhe a ira contra o sionismo. Se é que os ventos vão continuar soprando a favor de Israel, por mais um largo período, a compartilhar com os Estados Unidos a crença no “destino manifesto”, uma antiga deformação-religiosa que acompanha os americanos do Norte desde quando seus primeiros agricultores expulsaram de suas terras, armados de foices, ancinhos, enxadas e arados, os ingleses invasores.
O “destino manifesto” fez com que George Bush, pai e George Bush, filho estufassem o peito, em seus respectivos mandatos presidenciais perante o mundo. Escaparam, diga-se de passagem, de ser soterrados pelos destroços do Muro de Berlim, que cai antes da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, esta, por traições internas e pela infiltração de agentes secretos recrutados pela CIA em vários países e não apenas em Norteamérica a fim de atuarem ao estilo, para citar um só exemplo, da “missão 48”, que sediada no Chile cobria ou ainda cobre a América Latina e, às vezes, também outras regiões em que se faça necessário deslocar-se, com outro nome. Em 1980, um desses serviços opacos fez explosões em linhas e estações ferroviárias de Bolonha, Itália, semelhantes às de Londres e Madri. Foram efetuadas prisões fantasiosas. Um dos detidos, ‘por engano’, sob interrogatório numa sala de polícia, recorreu à evasiva de que estava a serviço do “comunismo internacional”. Soltam-no, e a fantasia comunista se desfaz qual bola de sabão. Ele e seus comparsas eram, pois, agentes secretos de um dos aparelhos de terror estadunidenses. Quanto ao 11 de Setembro de 2001, a culpa da tragédia recaiu em montanheses islâmicos, apontado como cérebro das explosões em Washingtom e Nova York Osama Bin Ladden, o qual somente os Estados Unidos devem saber onde se encontra, se não lhe deram sumiço tático como justificativa para o desencadeamento de uma série de operações da mais alta tecnologia belicista, como as chuvas de mísseis sobre Bagdá, seguidas de covarde execução, na forca, de Sadam Hussein.
A propósito de um novo século, recorda-se que logo após George W. Bush ter assumido a Casa Branca, o então presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso não perdeu a oportunidade de dirigir-lhe saudação politicamente cordial em que ressaltava: “Todos juntos poderemos efetivamente fazer deste o “Século das Américas”.
Estávamos precisamente no ano 2000. Os generais do Pentágono já roíam as unhas, à espera, a cada minuto que passava como arrastando-se pelos últimos dias do World Trade Center, da hora de apresentar ao mundo o seu argumento a la Francis Fukuyama pelo qual os Estados Unidos da América pretendiam comprovar aos quatro ventos o seu arcabouço hegemônico, invencível.
Pretendiam, mas a História continuou.
Separando-se as peças do “rompecabezas”, assim entendido pelo pesquisador argentino Horácio Garetto, temos um saldo de 5 suicidas ressurrectos São eles:
Abdulazis Alomari, Mohand Alcehehri, Saaed Alglandi, Salem Athazmi e Waleed Alsheri. Estes personagens islâmicos pelo menos até dias após a derrubada das Torres Gêmeas do imponente complexo de edifícios do WTC estavam vivos, segundo fontes idôneas.
Quanto a Osama Bin Laden, que muitos supõem esteja sendo procurado até hoje, provavelmente já curado de uma infecção renal, sabe-se que, pelo que noticiara o parisiense Le Figaro, após ter ficado um mês e alguns dias internado em um hospital de Dubai, aos cuidados do governo ameriacno, submeteu-se a uma revisão médica no Paquistão. Isto, em 12 de setembro de 2001. Anteriormente, ainda sob céu de brigadeiro na nova Babilônia, hoje Iraque, o general Colin Powell, que encaminhara Bin Laden a dois hospitais militares de bandeira estadunidense no Oriente Médio, entra em negociações com o governo paquistanês para extradição do suposto mentor das ações terroristas.
Organizações aparentemente pacifistas como a NED – The National Endowment for Democracy (Fundação Nacional pela Democracia), criada no governo do presidente Ronald Reagan, tiveram participação ativa na trama, conforme documento distribuído à imprensa por estudiosos do sistema da rede “stay-behind”.
Por tudo isso, os Estados Unidos ocupam-se em fortalecer suas defesas e alargar suas ambições territoriais; ao mesmo tempo, em opor obstáculos a programas nucleares de outros países, entre os quais, naturalmente, não está incluído o seu aliado Israel. . .São os mesmos Estados Unidos que, de olho no petróleo árabe, vê-se agora às voltas com o vazamento de uns dez mil barris diários, de uma petroleira britânica em águas do Golfo do México e já ameaçando alcançar o Atlântico, com prejuízos incalculáveis, inclusive, à flora e à fauna da região.
Lembro-me de que lá pelos anos 50, como crítico, ou comentarista, de livros, recebera uma novela instigante, escrita a quatro mãos, por dois soviéticos. O volume, magricela mas de grande profundidade e conteúdo humano – pena que se tenha perdido no remoinho dos anos 60-70 aqui no Brasil (bem que poderia chamar-se A Revolta da Natureza) mantém-se atualíssimo pela dor dos caules, das folhas, das raízes das florestas maltratadas ou, o que é infinitamente pior, devastadas.
As perdas florestais não diferem muito das perdas humanas resultantes de conflitos étnicos, políticos e econômicos, em especial no Oriente Médio. A isto se junta a crise contextual e até certo ponto financeira, e moral, dos Estados Unidos, suas escotilhas já não mais suportando a força das águas.
Recua-se a 26 de março de 2003. Cabe transcrever alguns trechos do que publicava nesse dia a revista Veja em edição especial: ...”Os anos 90 apresentaram ao mundo os primeiros ensaios da guerra pós-moderna, cirúrgica, altamente tecnológica e, por isso, precisa, coberta ao vivo pela televisão, para bilhões de pessoas, que assistem a ela como a um espetáculo que, para variar, não é de ficção. A dura realidade é o que entra na sala dos espectadores do mundo inteiro.(...) “Milhões de espectadores espalhados pelo planeta viram o presidente Bush avisar ao vivo que estava iniciando a guerra. Em um canal de TV, ele já estava focalizado antes de começar seu discurso, enquanto seu cabelo era penteado para aparecer em seu melhor estado diante das câmeras. Horas mais tarde viu-se Sadam Hussein jurar resistir até a morte ao Exército invasor”...
Dias antes de invadir a terra dos talibães, o Afeganistão, e de deflagrar a Operação parabíblica Tempestade no Deserto, o presidente George W. Bush se antecipou em contar para o mundo que Deus se aproximara dele com as seguintes palavras: “George, vá adiante e entre com o seu Exército no Iraque!” Não é anedota. Em pouco, caía Babilônia...
Já no patíbulo e com os olhos desvendados pelo próprio condenado, a mirar longamente seu carrasco de fita bang-bang, Sadam decerto olharia também de frente, em meio a sua última oração, nos olhos de George Bush. Longe das câmeras.